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sexta-feira, 17 de maio de 2019


De olhos contornados de preto, brilhando de excitação
Vamos desbravar a madrugada, as ruas, a cidade assombrada, escalar os prédios mais altos e ver a lua brilhar sobre o mar
Sentir o vento gelado no rosto aquecendo o coração
Nosso sorriso se fará no escuro e fugiremos as armadilhas
Escondidos nas sombras voaremos, correndo sem olhar para trás
O mundo será nosso essa noite, o vento, a lua e o nascer do sol, as casas, ruas e estruturas, vamos roubar tudo pra nós
A sós deitaremos na areia e ouviremos o vento e o mar
E assistiremos as estrelhas brilharem nos olhos um do outro
Você pode dançar no silêncio enquanto eu brinco com fogo
E você mal notará o meu roubo: um sorriso e um beijo seus
Vamos juntos construir essa memória
E essa noite vai virar uma história
de aventura, ousadia e paixão
que lembraremos por toda a vida
Me dê sua mão e venha comigo
Através das sombras, o frio e o perigo
E essa noite vai virar uma história
Que lembraremos por toda a vida

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Não me preocupo mais com os sons vindos da porta
à noite me acordavam
Passos me assustavam
Gritos e gemidos daqueles que vagam
Lá fora, no frio
De olhos vazios
No escuro gélido que assombra essa casa
Não me importo mais com o tempo que passa
E as horas de agonia que se repetem

Há muito ela foi embora
Aquela que eu amava. E ainda amo
Às vezes, sozinho, seu nome, eu chamo
Pra dentro do escuro que me cerca
Por fora e por dentro
E sozinho eu lamento
Por todas as vezes em que não aproveitei
O tempo de vida que tive la fora
E a juventude se vai sem aviso
Sem cerimônia, sem compromisso nem hora
Vagando pelo frio, como almas perdidas

Se foi uma época em que me divertia
Me cansava correndo, parava e sorria
brincando sem pressa nem medo da morte
E hoje como se vendi minha sorte
Por pouco em retorno, me recolho
Porque infelizmente não sou eu quem escolhe
Meu próprio destino

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Água cristalina que lava a memória
Rios caudalosos da tranquilidade
Frio sopro que toca a mente
Levando ao sonho e ao delírio da falsa verdade
O inconsequente mergulho do penhasco mais alto
A indomável coragem e o desejo da morte
Lava a alma e purifica o corpo
Do triste sorriso da donzela da sorte

Chuva cristalina e brisa gelada
Transparência da vida à qual me entrego
Me permite voltar às brumas dos sonhos
E fugir da realidade à qual eu nego
Fujo para um mundo, quem dera sem volta
E mergulho no lago da insanidade
E em êxtase cristalino, sou o eterno dono
Da minha própria e etérea realidade

Lamento

O mero temor da morte persegue uma vida vazia
Onde a mente se tranca rumo à solidão
Entorpecidos todos, driblamos a agonia
de toda a tristeza presa no coração

Disfarçada de ódio, ela se manifesta
Pressa, desprezo, ganância e maldade
Máscaras escondem o que a alma se nega
Com todas as forças, reconhecer a verdade

O coração amargurado é contaminante
Tal qual os venenos jogados aos rios
E uma praga terrível se espalha no mundo
Como nunca, jamais, nenhum mortal viu

Perceba ou não, somos amaldiçoados
desde o momento em que concebidos
E a necessidade de saciar a fome indomável
faz de nós mesmos, nossos inimigos

Impossível mudar a tudo que nos cerca
Sem antes mudar a cada indivíduo
Sendo assim, deposito naquilo que resta
Toda a esperança. O suicídio

quinta-feira, 23 de março de 2017

Coração sob a lona

Treinando, eu crio a mágica no corpo
Tomando a dor como um incentivo
Os olhos brilhando com o espetáculo
Foi minha escolha
E é assim que eu vivo

Caminho em lugares entre o céu e a terra
Balanço em ferragens suspensas no ar
Saltos mortais, rajadas de fogo
Eu sinto que nada pode me parar

Meus amigos e amigas são malabaristas
Dançarinos, músicos e acrobatas
Atores, poetas e contorcionistas
Que exibem seus atos em palcos e praças

Buscando a perfeição em cada movimento
E transparecendo a emoção recatada
A uma plateia que a cada momento hesita e aplaude
Maravilhada

Admiro a força e a agilidade
A coragem e a concentração
Que permitem fazer o sobre-humano
Sem nenhum medo ou hesitação

Quando me acostumo a viver com o risco
E o medo da morte se torna agradável
Voar pelos ares, eu sei que consigo
E assim como o fogo, eu ardo
Indomável

quarta-feira, 24 de setembro de 2014



Eu estava com frio, mas satisfeito e admirado, sentado, encolhido sobre a pedra que o musgo escolheu para crescer, pequeno e delicado, tal qual a lágrima sublime que brotava de suas frestas. O único som ao meu redor era o da água, que abundante e cristalina brotava da terra e retornava ao seu colo. Contemplando esse ciclo como se a eternidade me fora dada, lavei minha alma, e os meus sonhos a partir daí foram puros e tranquilos. Com a nascente inexplorada à flor da terra e assim como veio, retornando para ela, em seus abismos rochosos de verde iluminado pelos escassos raios de sol, a paz reinava como se só ela houvesse naquele lugar, e nada mais que lhe perturbasse em sua melodia suave. Seu silêncio.

Feche seus olhos, pequena criança
E se deixe levar pela brisa gelada
Entregue-se a ela para nunca retornar
Ou abra-os, e veja-se condenada

A saída do casulo pode ser dolorosa
Mas o verme recebe o poder de voar
Ironicamente, de asas cortadas
É como se sente ao se libertar

Correntes do mundo, prisão perpétua
Rosa malévola, fonte de crueldade
Votos de revolução, vida supérflua
Levando o que resta da sanidade

Melodia triste, repetitiva
Análoga aos dias de afazer
Sempre repetindo na canção sinistra
O que faz sentir morto, e obrigado a viver

Mensagens subliminares explícitas aos olhos
Aqueles que enxergam desejarão a cegueira
E a atrocidade que paira diante do nascer do sol
É o futuro que o nosso crepúsculo semeia

Não apenas é silencioso o sussurro
De modo que os vivos bebem de seu veneno
Mas voluntários condenados levantam a mão
Agindo coagidos como por opção
E de novo descartam o discernimento
A voz adentra às nossas entranhas
E nos perdemos em nosso próprio tempo

Acreditando viver, sentindo imortais
Como se tudo fizesse perfeito sentido

Vivendo como se nunca fôssemos morrer
Morrendo como se nunca houvéssemos vivido

(lucas vasconcelos)