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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Não me preocupo mais com os sons vindos da porta
à noite me acordavam
Passos me assustavam
Gritos e gemidos daqueles que vagam
Lá fora, no frio
De olhos vazios
No escuro gélido que assombra essa casa
Não me importo mais com o tempo que passa
E as horas de agonia que se repetem

Há muito ela foi embora
Aquela que eu amava. E ainda amo
Às vezes, sozinho, seu nome, eu chamo
Pra dentro do escuro que me cerca
Por fora e por dentro
E sozinho eu lamento
Por todas as vezes em que não aproveitei
O tempo de vida que tive la fora
E a juventude se vai sem aviso
Sem cerimônia, sem compromisso nem hora
Vagando pelo frio, como almas perdidas

Se foi uma época em que me divertia
Me cansava correndo, parava e sorria
brincando sem pressa nem medo da morte
E hoje como se vendi minha sorte
Por pouco em retorno, me recolho
Porque infelizmente não sou eu quem escolhe
Meu próprio destino

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Água cristalina que lava a memória
Rios caudalosos da tranquilidade
Frio sopro que toca a mente
Levando ao sonho e ao delírio da falsa verdade
O inconsequente mergulho do penhasco mais alto
A indomável coragem e o desejo da morte
Lava a alma e purifica o corpo
Do triste sorriso da donzela da sorte

Chuva cristalina e brisa gelada
Transparência da vida à qual me entrego
Me permite voltar às brumas dos sonhos
E fugir da realidade à qual eu nego
Fujo para um mundo, quem dera sem volta
E mergulho no lago da insanidade
E em êxtase cristalino, sou o eterno dono
Da minha própria e etérea realidade

Lamento

O mero temor da morte persegue uma vida vazia
Onde a mente se tranca rumo à solidão
Entorpecidos todos, driblamos a agonia
de toda a tristeza presa no coração

Disfarçada de ódio, ela se manifesta
Pressa, desprezo, ganância e maldade
Máscaras escondem o que a alma se nega
Com todas as forças, reconhecer a verdade

O coração amargurado é contaminante
Tal qual os venenos jogados aos rios
E uma praga terrível se espalha no mundo
Como nunca, jamais, nenhum mortal viu

Perceba ou não, somos amaldiçoados
desde o momento em que concebidos
E a necessidade de saciar a fome indomável
faz de nós mesmos, nossos inimigos

Impossível mudar a tudo que nos cerca
Sem antes mudar a cada indivíduo
Sendo assim, deposito naquilo que resta
Toda a esperança. O suicídio