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quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Corvo, de Edgar Allan Poe (Recitado por Omnia)



Insônia

Perseguindo o medo para fugir do vazio
No escuro, começo a noite em claro
aguardando angustiado a quebra de um silêncio conturbado
de uma mente doente que ainda não dormiu

Me recolho ao quarto, me deito
E a sombra me cerca novamente no leito
Ao quarto retorno. Um sono desfeito

Me levanto, caminho. No silêncio, grito sozinho
Grilhões do devaneio e da corrupção
O que seria da vida sem a fantasia, a fuga e a utopia
pelas quais abro os olhos todos os dias
Minha insanidade é o que me mantém são

Desperto. Não percebi que havia adormecido
e percebo a sensação imediatamente
Uma ironia. Um bom sono como se fora proibido
Dessa vez fui poupado dos pesadelos frequentes

Que querem de mim, meus demônios?
O que os invocou e por que só hoje se calaram?
Não me atrevo a me perguntar
Mas sinto o alívio, e aproveito
pois sei que sabem onde é meu leito
E que logo voltarão a me atormentar.

(Lucas Vasconcelos)


A partir do fogo, a água, o ar recebe
E procura pela terra, para que o círculo se complete
Nesse círculo existe uma mágika pacífica e pura
Disposta a ser recebida por todo aquele que a procura
Recebe esta energia, e provê ao círculo o quinto elemento
Senta-te imóvel, fica de pé, ou em movimento
Recebe a energia da forma mais conveniente
Mas física, mental e espiritualmente
Pois não há nenhuma verdade, já que ela não faz distinção
E à harmonia da existência, percebe então
Que és um com a água e o ar, que são um com o fogo
E que és um com a deusa, a terra, o todo
A natureza e a vida, a grande mãe da qual tudo veio
E à qual retornará, para que o círculo se complete.

(Lucas Vasconcelos)

Vincent


Meu suspiro enterra meu sentimento
Mudo pela repressão, ninguém ouve o meu grito
Minhas mãos imploram por extravasar a frustração
E meus olhos por uma lágrima, mas não os permito

Abaixo o olhar e penso comigo
viver não parece mais agradável
como era quando eu dormia
Porém acordar um dia,
era inevitável

Minha alma me martiriza
e faz o meu sangue gelar
Viver é uma bênção na qual não posso acreditar

Sozinho sinto dor, angústia e frio
E atormentado pela tristeza, sorrio
Imerso em meu vale de lágrimas que não caíram
No meu inferno de sangue que não foi derramado
Me ergui do meu leito de morte para viver
Estou condenado.

(Lucas Vasconcelos)

Alma que chora

No quarto escuro, uma vela iluminava poucos metros ao seu redor, enquanto sua chama dançava soprada pela brisa fria de uma janela aberta. A luz da lua cheia penetrava precariamente pelas nuvens escuras que a cobriam.

Olhando para fora, podia ver o mundo no qual habitam, dominado pela ganância e pelo egoísmo. Podia ver os altos prédios dos escritórios onde trabalhavam rasgarem o céu acinzentado, que chorava lágrimas delicadas e frias, num último suspiro, implorando pela piedade dos homens, que nunca virá. Meu corpo pertence a este mundo, e minha alma, neste corpo aprisionada.

Desejei e tentei concedê-la o seu desejo de libertar-se. Mas como as lágrimas derramadas pelo céu enegrecido, o sangue também roga mudo e impotente, por um desejo mórbido de uma liberdade utópica, e inalcançável. Sozinho, tudo o que me restara era imitar aquele céu melancólico, e chorar a dor de ser uma alma morta, condenada a estar viva.


Não preciso do luxo que me incentivam a buscar
Nem dos afazeres sem sentido
Não preciso seguir a história que foi escrita para mim
E mesmo me sentindo assim
Só me resta aceitar a existência de tudo isso
Enquanto não entendo a de mim mesmo

Me alegro
Me entristeço
Choro, sangro
E agradeço pelo dom que recebi
Mas não existo como deveria
Ou como desejo
Afinal, parece que não mereço
O mínimo que um dia eu pedi

Se choro, se sangro, e existo como tudo e todos
Por que sou tão incompatível com esse lugar ?
Me pergunto, e várias respostas vem a minha mente
Mas nenhuma que represente algo em que consiga acreditar
Não tenho nenhuma ambição grandiosa
Nem uma meta ou objetivo
Só quero me sentir bem em estar vivo
Ao me entregar à morte

Não preciso do luxo que me incentivam a buscar
Nem dos afazeres sem sentido
Não preciso seguir a história que foi escrita para mim
E mesmo me sentindo assim
Só me resta aceitar a existência de tudo isso
Enquanto não entendo a de mim mesmo.

(Lucas Vasconcelos)

Vermillion Pt II - Slipknot




She seemed dressed in all of me
stretched across my shame
All the torment and the pain
Leaked through and covered me
I'd do anything to have her to myself
Just to have her for myself
Now I don't know what to do,
I don't know what to do
When she makes me sad

She is everything to me
The unrequited dream
A song that no one sings
The unattainable
She's a myth that I have to believe in
All I need to make it real is one more reason
I don't know what to do,
I don't know what to do
when she makes me sad.

But I won't let this build up inside of me
I won't let this build up inside of me
I won't let this build up inside of me
I won't let this build up inside of me

A catch in my throat
Choke,
Torn into pieces
I won't, no
I don't wanna be this
But I won't let this build up inside of me
I won't let this build up inside of me (12x)

She isn't real
I can't make her real
She isn't real
I can't make her real
Quando acordei e vi o mundo no qual estava
não vi nada além de miséria
a humanidade havia perdido a razão
e escravidão significava poder

Tentei fugir, mas fui capturado
e penei no meu próprio inferno
me libertei após pagar com minha dor
mas o mundo nunca será o mesmo agora

Por que não posso fugir ?
Seria eu um profeta sem voz ?
não quero viver num inferno ilusório
tomado como um paraíso

Quando acordei e vi o mundo no qual estava
não vi nada além de alienação
vidas eram negociadas
e toda a realidade não passava de um sonho.

(Lucas Vasconcelos)
Qual será o sentimento de um crucificado
enquanto carrega nos ombros seu destino, sua cruz
Como será dar seus últimos passos
até onde seu algoz o conduz

Qual será seu sentimento
ao ver suas mãos serem transpassadas
e olhar o céu pela última vez,
ouvindo ao seu lado, as marteladas

Cada golpe contaria sem pressa
os últimos momentos de sua vida
que levaria dias para acabar por completo
antes de ser esquecida

Qual será o sentimento de ver seu sangue
cair abandonado ao chão
e encarar seus amigos e família
pequenos em meio à multidão

Sentir a dor, o desespero, a aflição, a impotência
e a vida deixando o corpo gélido
pondo um fim à sua última resistência

Qual será o sentimento de um crucificado
cujo único inimigo é o tempo
ao saber que não falta muito até que morra o seu sofrimento.

(Lucas Vasconcelos)
Acordamos cedo pois vamos viver um "novo dia"
Mal abro os olhos, e já sinto voltar a melancolia
Causada pelo tédio que me traz minha rotina
Nossas vidas não tem emoção, perigo ou adrenalina

Sem razão, objetivo, lógica, sentido
Vivo, e sei que meu tédio é meu único amigo
Olho ao redor, e vejo as consequências nas nossas caras
Que só expressam a exaustão de pessoas cansadas

Expresso minha angústia para evitar a loucura
Pois meu tédio quase me levou à minha sepultura
Mas cada litro do sangue derramado pode ser reposto
Diferentemente de uma lágrima que mancha um rosto

Já raras, elas se tornam quase invisíveis
E minhas feições, quase indestrutíveis
Pois nada mais me agrada, nem mesmo meu nome
Enquanto nosso mundo me consome por dentro
Por fora já sou quase um boneco
Sem sentimento
Como nos versos nos quais expresso
O último vestígio de uma alma que um dia habitou em mim
Mas me deixou, visto que a angústia não tem fim

Não senti mais nada desde que minha essência me deixou
E meu martírio foi o único que ainda não me abandonou
Vestido em luto, talvez, meu espírito possa falar:
Eu sou o fruto do mundo no qual não posso acreditar.

(Lucas Vasconcelos)