Acordamos cedo pois vamos viver um "novo dia"
Mal abro os olhos, e já sinto voltar a melancolia
Causada pelo tédio que me traz minha rotina
Nossas vidas não tem emoção, perigo ou adrenalina
Sem razão, objetivo, lógica, sentido
Vivo, e sei que meu tédio é meu único amigo
Olho ao redor, e vejo as consequências nas nossas caras
Que só expressam a exaustão de pessoas cansadas
Expresso minha angústia para evitar a loucura
Pois meu tédio quase me levou à minha sepultura
Mas cada litro do sangue derramado pode ser reposto
Diferentemente de uma lágrima que mancha um rosto
Já raras, elas se tornam quase invisíveis
E minhas feições, quase indestrutíveis
Pois nada mais me agrada, nem mesmo meu nome
Enquanto nosso mundo me consome por dentro
Por fora já sou quase um boneco
Sem sentimento
Como nos versos nos quais expresso
O último vestígio de uma alma que um dia habitou em mim
Mas me deixou, visto que a angústia não tem fim
Não senti mais nada desde que minha essência me deixou
E meu martírio foi o único que ainda não me abandonou
Vestido em luto, talvez, meu espírito possa falar:
Eu sou o fruto do mundo no qual não posso acreditar.
(Lucas Vasconcelos)